quinta-feira, 7 de junho de 2012

Do Silêncio


O silêncio é o ouro dos tolos. O poema “No caminho, com Maiakovski” me ensinou isso. Ouvi-o de uma pessoa que gostaria de ter aprendido a não se calar - e principalmente, a falar no momento certo e com as palavras a seu favor: uma pessoa desensinada na inteligência da malícia.
Uma lástima nada incomum.

O silêncio - alheio - esse sim, é de ouro. É conquistada condescendência, permissão, espaço, poder.
Conveniências.
O nosso silêncio é nossa submissão e nossa tragédia.
Inevitável barulho interno, desconfissão, encobrimento, omissão.
Ressentimentos.
Dizem que é sempre ouro, mas saiba, é ouro alheio quando você silencia. Não é ouro que você ganhe.
Ninguém se cala por nós, para nós. Só os deuses intangíveis se calam por nós.

E é isso o mais doce na santidade que se adora, o silêncio que não é o nosso.
Podemos nos ouvir, e ainda somos agraciados com o silêncio da divindade.

Porisso acredita-se em divindades mudas: porque quem cala, consente.
A santidade sempre consente. Sempre concede.

Ao menos, os deuses nos salvam de nosso silêncio. E acreditamos que seremos ouvidos. Absolutamente.

E  assim seguimos, imaginando que o fardo que sentimos pesar, é puro e pleno ouro... E no entanto, seguimos nos calando, para o ouro de outrem. E quando não silenciamos nossa honestidade, o fazemos apenas com os que não respondem, se é que ouvem.

Não é de ouro o silêncio. Nem de prata, nem de bronze.

O silêncio é de puro chumbo.







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